Algumas vezes, a misteriosa anorexia só se faz notada quando as
conseqüências mais graves, como peso muito abaixo do recomendado e
desnutrição, entram em cena. "No início, o indivíduo pode apenas
apresentar uma preocupação exagerada em emagrecer ou dar uma atenção
além da conta para as calorias dos alimentos", exemplifica a
endocrinologista Glaucia Duarte. As providências a serem tomadas devem
incluir o auxílio de um profissional da saúde, de preferência, com
experiência em transtornos alimentares.
A fim de te ajudar a
reconhecer os perigos do transtorno logo de início, 13 questões sobre as
atitudes de uma pessoa anoréxica e um panorama sobre a doença são
listados a seguir.
1- Uma pessoa que nunca teve problemas com a balança pode sofrer com a anorexia nervosa? Sim.
Embora a maioria das pessoas que sofre com transtornos alimentares
tenha antecedentes de sobrepeso ou obesidade, algumas podem desenvolver
comportamentos alimentares anormais sem nunca terem tido problemas com a
balança. Isso porque tais pessoas passam por um distúrbio da
auto-imagem, considerando-se gordas erroneamente.
2- A anorexia influencia de alguma forma no convívio social do paciente?
Sim.
Além de evitar situações sociais que envolvem comida, os anoréxicos não
gostam de se alimentar na frente de outras pessoas. Por isso, costumam
abrir mão do contato com amigos, namorados e familiares. A anorexia
nervosa também é acompanhada de alterações comportamentais, como
irritabilidade em excesso e instabilidade emocional. Assim, a pessoa se
descontrola facilmente e tem dificuldade em interagir com outras
pessoas.
3- A anorexia pode levar à morte?
Caso
o transtorno não seja devidamente tratado, pode evoluir e resultar em
morte. As causas de óbito variam entre doenças relacionadas à
desnutrição ou desidratação e suicídio.
4- Quem sofre com a anorexia tem consciência de que passa por um transtorno alimentar?
No
início do transtorno, nem o paciente nem seus familiares têm
consciência do diagnóstico e de sua gravidade. Com a evolução, a doença é
facilmente percebida, mas os pacientes continuam mantendo percepções
equivocadas sobre sua imagem corporal e, muitas vezes, não aceitam o
tratamento proposto. O paciente apresenta uma visão incoerente, notando
que precisa fazer sacrifícios para conseguir se manter abaixo do peso
recomendado para sua estatura. Uma pequena parte dos anoréxicos consegue
perceber que passa pelo transtorno, após o tratamento adequado. Apesar
disso, eles ainda têm uma preocupação exagerada sobre a alimentação.
5-
Uma pessoa que já teve anorexia precisa seguir um acompanhamento
profissional esporádico ou, depois de curada, a vida pode voltar ao
normal?
Diante de um transtorno alimentar, os pacientes
apresentam resoluções diferentes uns dos outros. Portanto, a dinâmica do
tratamento é única. Mas, por ser um transtorno alimentar ligado não só a
questões alimentares, mas também emocionais, é comum o paciente sentir a
necessidade de um acompanhamento profissional esporádico, depois da
superação do quadro. O retorno aos especialistas passa a ser mais
prolongado, mas é importante, já que os pacientes podem apresentar
remissão da anorexia ou dos transtornos psiquiátricos associados.
6- Terminado o tratamento, quais as chances de a doença voltar?Com
o tratamento apropriado, metade dos pacientes se recupera totalmente.
Alguns, no entanto, experimentam um padrão flutuante de ganho de peso,
seguido de perda. Já outros têm um curso progressivo da instalação de
novos episódios da doença com o passar dos anos. Estima-se que cerca de
20% das pessoas que sofrem de anorexia mantêm-se cronicamente doentes.
7- O tratamento da anorexia pode ser isolado ou uma equipe multidisciplinar é indispensável?
Devido
à complexa interação entre os problemas emocionais e fisiológicos
apresentada nos transtornos alimentares, o ideal é que o paciente seja
acompanhado por uma equipe de especialistas. Entre os especialistas da
equipe pode haver psicólogo, psiquiatra, médico clínico (pediatra,
hebiatra ou endocrinologista), nutricionista, educador físico,
fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.
8- Anorexia e depressão são males associados?
Sim. A depressão pode aparecer com uma das alterações comportamentais causadas pela anorexia nervosa.
9- Que tipo de terapia é mais eficaz nestes casos?
O
tratamento psicoterápico depende de cada doente, variando ainda,
conforme o curso e o estágio da doença. O que pode ser afirmado é que
sessões individuais, em grupo, ou mesmo as duas técnicas, são elementos
indispensáveis ao tratamento global da anorexia nervosa. Vale lembrar
que os casos devem ser avaliados individualmente.
10- Como os especialistas reconhecem que o problema teve fim?
A
partir do ganho de peso, da diminuição do medo em engordar, da melhor
percepção da auto-imagem e da melhora dos parâmetros clínicos (retomada
do clico menstrual, desbalanço hidroeletrolítico, etc).
11- É possível tratar o mal mesmo que o paciente resista?
Em
qualquer tratamento, a aceitação e o entendimento da doença é uma
condição muito importante para a recuperação. Infelizmente, quando isso
não acontece e o caso encontra-se em um estágio avançado, envolvendo
risco de morte, a equipe médica indica internação (muitas vezes, contra a
vontade do paciente anoréxico).
12- Qual o prazer da pessoa anoréxica: recusar o alimento, perder peso ou não sentir prazer ao se alimentar?
O
maior prazer está em resistir aos alimentos. Pacientes relatam se
sentir bem quando não comem. O prazer, então, está em dominar a fome,
mesmo que, para isso, haja risco de morte.
13- Algum distúrbio psicológico é comumente notado em pacientes anoréxicos? Sim.
As alterações psicológicas apresentadas por quem sofre de anorexia são
ansiedade e depressão, podendo vir associadas à fobia social; mudanças
no ritmo do sono, levando à fadiga durante o dia; irritabilidade
excessiva e instabilidade emocional; atitudes obsessivo-compulsivas por
alimentos e exercícios e alto nível de exigência consigo mesmo.
Fontes: Glaucia Duarte endocrinologista
Ellen Simone Paiva endocrinlogista e nutróloga
Vanessa Amarilha Portão psicóloga
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