terça-feira, 27 de março de 2012

13 questões desvendam a anorexia

Algumas vezes, a misteriosa anorexia só se faz notada quando as conseqüências mais graves, como peso muito abaixo do recomendado e desnutrição, entram em cena. "No início, o indivíduo pode apenas apresentar uma preocupação exagerada em emagrecer ou dar uma atenção além da conta para as calorias dos alimentos", exemplifica a endocrinologista Glaucia Duarte. As providências a serem tomadas devem incluir o auxílio de um profissional da saúde, de preferência, com experiência em transtornos alimentares.

A fim de te ajudar a reconhecer os perigos do transtorno logo de início, 13 questões sobre as atitudes de uma pessoa anoréxica e um panorama sobre a doença são listados a seguir.

1- Uma pessoa que nunca teve problemas com a balança pode sofrer com a anorexia nervosa? Sim. Embora a maioria das pessoas que sofre com transtornos alimentares tenha antecedentes de sobrepeso ou obesidade, algumas podem desenvolver comportamentos alimentares anormais sem nunca terem tido problemas com a balança. Isso porque tais pessoas passam por um distúrbio da auto-imagem, considerando-se gordas erroneamente.

2- A anorexia influencia de alguma forma no convívio social do paciente?
Sim. Além de evitar situações sociais que envolvem comida, os anoréxicos não gostam de se alimentar na frente de outras pessoas. Por isso, costumam abrir mão do contato com amigos, namorados e familiares. A anorexia nervosa também é acompanhada de alterações comportamentais, como irritabilidade em excesso e instabilidade emocional. Assim, a pessoa se descontrola facilmente e tem dificuldade em interagir com outras pessoas.

3- A anorexia pode levar à morte?
Caso o transtorno não seja devidamente tratado, pode evoluir e resultar em morte. As causas de óbito variam entre doenças relacionadas à desnutrição ou desidratação e suicídio.

4- Quem sofre com a anorexia tem consciência de que passa por um transtorno alimentar?
No início do transtorno, nem o paciente nem seus familiares têm consciência do diagnóstico e de sua gravidade. Com a evolução, a doença é facilmente percebida, mas os pacientes continuam mantendo percepções equivocadas sobre sua imagem corporal e, muitas vezes, não aceitam o tratamento proposto. O paciente apresenta uma visão incoerente, notando que precisa fazer sacrifícios para conseguir se manter abaixo do peso recomendado para sua estatura. Uma pequena parte dos anoréxicos consegue perceber que passa pelo transtorno, após o tratamento adequado. Apesar disso, eles ainda têm uma preocupação exagerada sobre a alimentação.

5- Uma pessoa que já teve anorexia precisa seguir um acompanhamento profissional esporádico ou, depois de curada, a vida pode voltar ao normal?
Diante de um transtorno alimentar, os pacientes apresentam resoluções diferentes uns dos outros. Portanto, a dinâmica do tratamento é única. Mas, por ser um transtorno alimentar ligado não só a questões alimentares, mas também emocionais, é comum o paciente sentir a necessidade de um acompanhamento profissional esporádico, depois da superação do quadro. O retorno aos especialistas passa a ser mais prolongado, mas é importante, já que os pacientes podem apresentar remissão da anorexia ou dos transtornos psiquiátricos associados.

6- Terminado o tratamento, quais as chances de a doença voltar?Com o tratamento apropriado, metade dos pacientes se recupera totalmente. Alguns, no entanto, experimentam um padrão flutuante de ganho de peso, seguido de perda. Já outros têm um curso progressivo da instalação de novos episódios da doença com o passar dos anos. Estima-se que cerca de 20% das pessoas que sofrem de anorexia mantêm-se cronicamente doentes.

7- O tratamento da anorexia pode ser isolado ou uma equipe multidisciplinar é indispensável?
Devido à complexa interação entre os problemas emocionais e fisiológicos apresentada nos transtornos alimentares, o ideal é que o paciente seja acompanhado por uma equipe de especialistas. Entre os especialistas da equipe pode haver psicólogo, psiquiatra, médico clínico (pediatra, hebiatra ou endocrinologista), nutricionista, educador físico, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.

8- Anorexia e depressão são males associados?
Sim. A depressão pode aparecer com uma das alterações comportamentais causadas pela anorexia nervosa.

9- Que tipo de terapia é mais eficaz nestes casos?
O tratamento psicoterápico depende de cada doente, variando ainda, conforme o curso e o estágio da doença. O que pode ser afirmado é que sessões individuais, em grupo, ou mesmo as duas técnicas, são elementos indispensáveis ao tratamento global da anorexia nervosa. Vale lembrar que os casos devem ser avaliados individualmente.



10- Como os especialistas reconhecem que o problema teve fim?
A partir do ganho de peso, da diminuição do medo em engordar, da melhor percepção da auto-imagem e da melhora dos parâmetros clínicos (retomada do clico menstrual, desbalanço hidroeletrolítico, etc).

11- É possível tratar o mal mesmo que o paciente resista?
Em qualquer tratamento, a aceitação e o entendimento da doença é uma condição muito importante para a recuperação. Infelizmente, quando isso não acontece e o caso encontra-se em um estágio avançado, envolvendo risco de morte, a equipe médica indica internação (muitas vezes, contra a vontade do paciente anoréxico).

12- Qual o prazer da pessoa anoréxica: recusar o alimento, perder peso ou não sentir prazer ao se alimentar?
O maior prazer está em resistir aos alimentos. Pacientes relatam se sentir bem quando não comem. O prazer, então, está em dominar a fome, mesmo que, para isso, haja risco de morte.

13- Algum distúrbio psicológico é comumente notado em pacientes anoréxicos? Sim. As alterações psicológicas apresentadas por quem sofre de anorexia são ansiedade e depressão, podendo vir associadas à fobia social; mudanças no ritmo do sono, levando à fadiga durante o dia; irritabilidade excessiva e instabilidade emocional; atitudes obsessivo-compulsivas por alimentos e exercícios e alto nível de exigência consigo mesmo.

Fontes: Glaucia Duarte endocrinologista
Ellen Simone Paiva endocrinlogista e nutróloga
Vanessa Amarilha Portão psicóloga

Nenhum comentário:

Postar um comentário